Um festim de bigodes |
O efémero ressurgimento dos bigodes nos anos 80 foi claramente um erro. |
Lá se foi a ideia de um rigoroso estudo científico. Mas ainda havia esperança! Podia sempre concluir duas coisas:
1) as senhoras gostavam de senhores com bigodes porque não tinham outro remédio (era difícil encontrar gente sem eles);
2) as senhoras gostavam de bigodes porque estavam na moda, e porque indicavam que o seu portador cuidava minuciosamente da sua aparência (quanto tempo levariam os políticos republicanos, de manhã, a arranjar o bigode? E nós ainda nos perguntamos porque falhou esta República...)
Perguntei à minha mãe qual era o republicano mais popular entre as senhoras feministas da época. Ela, esperando uma conversa elevada e académica, respondeu que era o Afonso Costa, pela legislação que fez passar e pelas suas ideias políticas. Pois eu defendo que esta popularidade se devia aos seus arranjos pilosos e à sua figura baixinha e rotunda, reminiscente de um ursinho de peluche. Comecemos então por esta infame personagem, que já foi convidada deste blog na evocação do seu terrível acidente de eléctrico na Avenida 24 de Julho. Detenhamo-nos na evolução das suas pilosidades faciais:
É fácil concluir que o bigode – e a pêra que o acompanhava – de Afonso Costa tinham, para ele, grande significado, pois não desapareceram com o avançar da idade do dono. Uns cortezinhos aqui e ali, e os seus adornos faciais tornaram-se mais práticos e de fácil limpeza e cuidado, adaptando-se aos tempos e à velhice do Sr. Costa, que com os tremeliques das mãos os regava de sopa a cada refeição.
Quem não chegou à idade dos tremeliques, sendo por isso poupado à infâmia de ter de aparar drasticamente o seu magnífico bigode, foi Sidónio Pais, um homem que tinha de compensar pela fraca figura que fazia quando trazia vestido o seu sobretudo da tropa, no qual ficava a nadar.
Reparem como o seu bigode se foi encurtando e encrespando, coincidindo perfeitamente com o encrespamento da vida política portuguesa. Resta dizer que o Sr. Sidónio era grandemente apreciado por quase todas as senhoras que lhe punham os olhos em cima, menos a sua esposa -
Sidónio e uma multidão de fãs enlouquecidas. |
Pois... Os bigodes republicanos! Foram tão famosos que a Catarina Portas os mandou reproduzir para os vender nas lojas da Vida Portuguesa e nas lojas ao lado das Exposições Comemorativas do Centenário da República. Eu comprei um connjunto para oferecer. A agraciada gostou à brava e espero que lhe dê uso no Entrudo! Dos bigodes republicanos, um dos mais arrebicados e compridos era o de Bernardino Machado. O rosto magro quase desaparecia sob aqueles pêlos compridos.
ResponderEliminar