É preciso ressalvar aqui que a suástica não foi inventada pelos nazis. É um símbolo que tem feito aparições ao longo dos séculos em cerâmica grega, em construções e decorações romanas, um pouco por toda a Europa pré-cristã – com maior prevalência no Norte –, e era até usado por algumas tribos nativas americanas. E, claro, na Ásia, particularmente na Índia. É neste continente que a suástica continua a ser usada com grande frequência, já que surge associada ao Hinduísmo, Budismo e ao Jainismo. É por esta razão que, no caso de encontrarem na loja dos chineses da vossa zona uma caixa para jóias ornamentada com suásticas, não devem olhar de lado os donos do estabelecimento. (Encontrei uma destas caixas há uns anos. Parece-me que o produto não terá grande saída em terras ocidentais.)
A Zara passou a olhar com mais atenção para as fotos dos produtos. |
Mas para o ocidental comum, a suástica é o símbolo do mal. Especialmente se se apresentar negra, inclinada a um ângulo de 45°, e rodeada de branco e vermelho. Tanto assim é que, no longínquo ano de 2007, a cadeia espanhola Zara teve de retirar das suas lojas uma mala com um padrão que incluía suásticas devido à queixa de um cliente. Sabendo das políticas das multinacionais de vestuário, é legítimo concluir que o tecido (ou a mala inteira) teria sido importado de um país asiático. Mas nenhuma justificação, mesmo invocando os benefícios da multiculturalidade, poderia salvar aquelas malas num país ocidental.
Na Alemanha, Áustria, e alguns outros países directamente envolvidos na Segunda Guerra Mundial, a exibição pública da suástica é proibida e punível por lei.
Por estas e por outras razões (imprecisões históricas, etc.) Música no Coração não fez muitos fãs na Áustria e Alemanha. |
Para sairmos um pouco da parte germanófona da Europa e também para deixarmos a suástica em paz, recordemos que em vários países da Europa de Leste outros símbolos foram também banidos: a foice e o machado, a estrela vermelha. Pois também estes são considerados símbolos de uma ideologia totalitária e criminosa – o comunismo soviético.
Por definição o objectivo de um símbolo é exactamente ser associado àquilo que pretende representar. O “problema” gera-se quando diferentes povos associam o mesmo símbolo a coisas bem opostas (como é talvez um dos exemplos máximos a suástica que referes). Por isso o título que escolheste está perfeito. É bastante interessante estudarmos as diferenças de significado e a origem dessas diferenças e sem dúvida muito se pode aprender com isso (mas disso sabes tu muito mais que eu!).
ResponderEliminarBeijinhos,
FATifer
Obrigada pelo teu comentário!
ResponderEliminarAs ligações místicas do Nazismo têm despertado considerável interesse nos meios académicos - e também nos meios... menos académicos - mas parece-me que ainda há muito boa gente que desconhece as origens da suástica e pensa que as lojas dos chineses (por exemplo) estão a tentar impingir-nos caixas decoradas com símbolos maléficos.
Beijinhos e continuação de boas férias!