Depois da Segunda Guerra Mundial, levantou-se frequentemente a questão da obediência cega a uma/várias figura(s) de autoridade e se os que obedeciam partilhavam a mesma culpa dos que mandavam. Como está na natureza humana querer ter resposta para tudo, realizaram-se em universidades dos Estados Unidos da América várias experiências que pretendiam apurar, de uma forma ou de outra, até onde uma pessoa poderia ir, independentemente dos valores e crenças que afirmava ter.
A experiência Milgram mostrou que "seguir ordens" nem sempre é louvável. |
Mas dentro desta coisa das experiências com cobaias humanas, nada ultrapassa a experiência prisional da Universidade de Stanford, em 1971. Um respeitável professor de Psicologia achou que seria interessante recrutar uns quantos estudantes do sexo masculino e dividi-los em dois grupos: um de guardas prisionais, outro de presos. Os presos teriam de permanecer durante 14 dias numa cadeia construída para o efeito numa cave da universidade, e os guardas prisionais fariam, obviamente, de guardas prisionais. Estes trabalhavam por turnos, o que significa que podiam ir a casa e fazer as suas vidas. Os presos estavam... presos.
Depressa as cobaias se começaram a adaptar demasiado bem aos papéis que lhes haviam sido atribuídos: os presos amotinavam-se e os guardas usavam violência psicológica para os controlar, uma vez que a violência física estava, no âmbito da experiência, proibida. Entretanto, alguns presos exibiam claros sinais de instabilidade mental. Até o próprio Professor, que em vez de se distanciar da experiência escolhera nela participar activamente – enquanto superintendente da prisão – interiorizou o seu papel de tal maneira, que optou por ignorar o comportamento abusivo dos guardas.
A experiência de Stanford foi recriada no filme alemão Das Experiment. A Alemanha tem a tradição de confrontar cinematograficamente o seu passado. |
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