Se deixarem os esqueletos no armário demasiado tempo, eles começam a dar festas ao fim-de-semana. |
Suetónio, historiador, viu nesta necessidade do povo romano uma bela oportunidade de negócio. Aquilo a que nós, hoje em dia, chamaríamos "nicho de mercado". Pôs-se, pois, a escrever A Vida dos Doze Césares ou, simplesmente, Os Doze Césares. Começarei pelo princípio, que é por onde começam as melhores histórias (a moda de começar as coisas pelo meio só foi popular no tempo de Camões, e toda a gente se apercebeu rapidamente da impraticabilidade da coisa). Vamos então a Júlio César.
Este é o simpático esqueleto chamado "Bissexualidade". |
Ora teve o Júlio o azar de, na sua primeira campanha militar, se demorar mais do que seria próprio na corte do rei Nicomedes da Bitínia. Embora pudesse haver mais do que uma razão para tal demora – desarranjos intestinais; a comida e as instalações seriam certamente melhores do que as disponíveis nos acampamentos militares; etc. – César não mais se livraria da suspeita de ter tido "relações impróprias" com o monarca.
Apesar de tudo, Roma era um festim homoerótico. |
Vejam!, agora César cavalga triunfante, vitorioso sobre os Gauleses;
Nicomedes, que submeteu o conquistador, não triunfa."
(Presume-se que os versos soariam melhor em latim.)
De facto, os opositores andavam tão aborrecidos que decidiram matar César à facada, ainda que isso lhes sujasse as togas. |
Notem-se as sobrancelhas impecavelmente arranjadas. |
Já que nos detivemos nos assuntos capilares, devo dizer-vos que Júlio César foi o primeiro metrossexual da História: Suetónio afirma que o ditador cuidava demasiado da sua aparência, submetendo-se mesmo à forma de tortura que, até há pouco, era quase exclusiva das mulheres do nosso tempo: a depilação.