Se têm lido este blog com atenção, já devem ter percebido que os romanos tinham alguns hábitos questionáveis. Um desses hábitos consistia em adoptar os cognomes mais ridículos e fazer deles bandeira, passando-os a filhos, netos, e por aí em diante, sem sequer pensar nas implicações que tal alcunha poderia vir a ter, por exemplo, numa carreira política.
|
Infelizmente, Cícero tinha um nariz normal.
Nem um grão-de-bico à vista. |
Debrucemo-nos sobre o caso de Cícero. Habituámo-nos a chamar-lhe assim, mas ele era "Marco Túlio", e Cícero era o seu cognome de família. Reza a História (ou Plutarco) que esta alcunha foi dada a um dos antepassados de Cícero, que teria um sulco na ponta do nariz comparável ao que se encontra nos grãos-de-bico (
cicer, em latim). Alguns acham mais provável que a alcunha se devesse ao facto de os antepassados de Cícero terem prosperado no cultivo e comércio de grão-de-bico, mas isso é gente que gosta de arruinar uma boa história. O que será melhor para um candidato a uma carreira política de sucesso em Roma?
1) Um antepassado com um nariz imponente
2) Antepassados agricultores de leguminosas
Pois, bem me parecia.
|
Os romanos e as leguminosas tinham uma coisa em comum: viviam em promiscuidade. |
Aparentemente, a estranheza da coisa levou alguns conhecidos de Cícero a insistir que ele mudasse o seu nome quando entrou na política, mas o famoso orador recusou. A mudança confundiria muita gente – isso é óbvio – mas a verdade é que Cícero não via razão para se dar a esse trabalho quando, afinal, muitos dos seus pares carregavam o fardo de nomes igualmente ridículos: Fábio (
faba ou fava), Lentulo (
lentes ou lentilha), Piso (ervilha)...
Tentemos não pensar demasiado nas razões deste fascínio dos romanos pelas leguminosas.
"Ils sont fous, ces Romains!"
ResponderEliminarPois! É natural essa promiscuidade!
ResponderEliminarAs leguminosas são parte importante da dieta alimentar dos povos mediterrânicos.
Abençoada herança romana!